Qual é a sua primeira memória musical?
Jesus Saad: Um disco chamado Sertanejo 88. Minha mãe sempre chorava quando ouvia.
Rafael Pombo: Eu também comecei com sertanejo. Minha primeira lembrança é de ouvir discos em vinil em casa. Sabia cantar todas as músicas de uns cinco discos de duplas sertanejas dos anos 80! Ah… E acho que lembro de ouvir minha mãe cantando umas cantigas também, tipo “Terezinha de Jesus”, “Carimbó”, essas coisas…
Com qual músico gostaria de dividir o palco?
Rafael Pombo: Eu gostaria de continuar dividindo o palco com esses caras da Super Drones… rs… Até porque, nessa época de pandemia e shows suspensos por sabe-se lá quanto tempo, já fico feliz quando penso em dividir o palco de novo com esses caras. Não só por causa da amizade que a gente acabou desenvolvendo, mas também por causa do entrosamento no palco, nos ensaios, nos estudos de repertório, na montagem de uma setlist, na hora de escolher as músicas pro repertório e agora, também, compondo…
Descreva sua trajetória na música até hoje.
Rafael Pombo: Depois de muito tempo, na infância e adolescência, só ouvindo música e curtindo muito vários estilos, comecei a arranhar um violão abandonado em casa. Tinha acabado de me mudar com minha família pra uma cidade que não conhecia e onde não conhecia ninguém. Estava com 15 anos e a internet ainda não tinha chegado na minha casa… Meu pai viu meu empenho autodidata e me arrumou um professor particular, que me ensinou um monte de coisa errada mas me incentivou muito nos estudos. Nessa época já comecei a compor, sem saber de nada do que eu tava fazendo, só na intuição mesmo. Na escola fiz amizades por conta da música e vieram as primeiras bandas, já fazendo som autoral, música instrumental e também tentando cantar. Aí entrei no Conservatório pra aprofundar nos estudos e os palcos começaram a aparecer cada vez mais. Começaram alguns convites pra tocar em outras bandas. Com a Porcas Borboletas viajei por quase todos os estados do Brasil, gravei dois álbuns, compus tema pra filme e toquei ao lado de Arnaldo Antunes, Otto, Arrigo Barnabé e Paulo Barnabé. Outras bandas, como Dom Capaz e Ophelia And The Tree, também com composições próprias, viajaram por outros estados. De 2010 em diante, abandonei todos os projetos musicais anteriores e foquei na banda Sem Sangue [rock experimental] e, desde janeiro de 2016, nas interpretações roqueiras que fazemos com a Super Drones!
Quais são suas influências musicais decisivas, positivas ou negativas?
Jesus Saad: Eu tinha influências fortíssimas e bastante comerciais, como sertanejo e pagode.
O sucesso ou a falha te assustam?
Adonis Makris: O sucesso é a recompensa de seus esforços, a “celebração”. A escola real, o estudo real em nossas vidas são as nossas falhas, os nossos erros. Portanto, o fracasso não me assusta. Considero uma ferramenta valiosa para melhoria, desde que você gerencie suas impressões psicológicas adequadamente. Como cheguei no (quase) sucesso, sei que (pelo menos no meu caso) ele é mais difícil de gerenciar.
Qual é a sua opinião sobre os shows da TV?
Ulisses Janones: Na história da música brasileira temos exemplos de artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Roberto Carlos, entre outros, que frequentemente marcavam presença em programas da TV Record e da TV Tupi, entre 1960 e 1970. Foram divulgados e suas carreiras despontaram com a ajuda da mídia. Até mesmo o cantor e compositor Oswaldo Montenegro viu sua carreira deslanchar após um festival promovido pela TV Tupi em 1979. Porém, hoje, o que vemos em programas de televisão envolvendo música é o sensacionalismo, a competição travada entre cantores e a música de mercado, que é feita só pra vender e não traz nenhum benefício cultural e intelectual para o ouvinte. Dessa forma, acredito que, se os programas de televisão investissem no artista, não existiria competição e o programa seria voltado para a cultura. Enfim, traria conteúdo pra quem estivesse assistindo. Mas isso não é interessante para a mídia, certo?!
Existem empresários no Brasil que podem ajudar a carreira de um músico?
Ulisses Janones: Acredito que sim. Porém, na região em que vivemos, os estilos musicais que predominam são o sertanejo e o pagode. Sendo assim, visando apenas dinheiro, lucro, acredito que o músico não terá muita chance de encontrar algum empresário para investir em sua carreira, caso não faça parte desse nicho.
Rafael Pombo: E eu acho que até nesses nichos a briga é feia… Pelo menos nos casos de que a gente fica sabendo. E também acho que o modelo de empresário e mercado musical mudou muito. A gente pesquisa um pouco essa história e vê como as grandes empresas, ou “grandes gravadoras” como ouvíamos falar até os anos 90, não funcionam mais daquela maneira. Algumas ainda existem e cumprem a função de distribuir o material de alguns músicos (grandes). Fazem só a intermediação entre o artista e o público. Antigamente existiam empresas com caras que procuravam novos artistas em pequenos palcos, produziam musicalmente e visualmente (às vezes até desfigurando o que ele era no começo), promoviam com estratégias comerciais, levavam até o estúdio, gravavam o material, ofereciam toda a estrutura de estúdio, prensagem, arte visual e tudo mais… Hoje em dia os artistas geralmente têm seus próprios estúdios e meios de produção. E só procuram alguém com os contatos pra distribuir: um selo ou uma grande “gravadora”.
O que é a música para você?
Adonis Makris: A música é uma necessidade pra mim. Algo como a respiração, como o fôlego… apoio e salvação em muitos momentos da minha vida. Também é uma maneira de contribuir, a meu modo, para a melhoria do meu ambiente cultural.
Os seus planos para o futuro?
Ulisses Janones: Investir em nossa carreira, gravar nosso primeiro EP…
Adonis Makris: Só poderia adicionar que um dos seus planos para o futuro é sair da quarentena, Ulisses! kkkkkkk…
Biografia da banda
Adonis Makris (voz e violão) e Rafael Pombo (baixo e voz) se conheceram em 2015, graças à amizade das filhas de ambos, que estudavam na mesma escola. A afinidade e alguns projetos musicais começaram aí. Ulisses Janones (guitarra e voz) já trabalhava com o Rafael numa escola de música que fundaram juntos e, depois de algum tempo insistindo com ele, conseguiu montar o trio que seria a base para a formação da banda, em janeiro de 2016.
A ideia era tocar músicas que todos do grupo gostassem (e que nenhum integrante odiasse…), tanto de rock quanto de outros estilos que se transformassem em rock! Assim, o trio foi disciplinadamente ensaiando por oito meses, até encontrar o baterista: Jesus Saad. Algumas reuniões e ensaios depois e ele já estava totalmente integrado com o repertório e o conceito da banda, ainda sem nome.
Percebendo que a crítica social, cultural, política e artística era um traço forte nas escolhas de repertório, veio da letra de uma música o nome Super Drones: pra representar a situação do indivíduo que muitas vezes age sem pensar, só seguindo algum modelo de comportamento que, quando chega ao extremismo, gera consequências catastróficas… Todos concordaram, ninguém discordou: assim funciona a banda.
O profissionalismo e o cuidado nos arranjos, muitas vezes totalmente inovadores, fizeram a banda continuar com as reuniões e ensaios, sem se apresentar, por bastante tempo. A estreia ao vivo foi em outubro de 2017. Desde então, a banda vem crescendo em repertório, shows, público, entrosamento e muito mais!
Agora, no primeiro semestre de 2020, estamos encerrando a publicação de uma série de quatro vídeos gravados ao vivo em estúdio, e com a meta de deixar prontas nossas primeiras composições.